O ano de 2022 chegou e promete trazer novidades e grandes mudanças para a área de RH como um todo. Inclusive, algumas dessas novidades já estão caminhando entre nós. Mas agora, elas irão se desenvolver mais, deixando de ser simples adaptações para se tornarem verdadeiras transformações.
E se você pensa que estamos falando só de práticas, está muito enganado. Isso porque o que o nosso cenário atual e futuro está pedindo, na verdade, é por um posicionamento. Isto é, trazer de volta o profissional que ficou apagado por tantos protocolos e modelos.
Um convite ao humano
Apesar do nome ser “Recursos Humanos”, por muito tempo essa área foi alvo unicamente de burocracias da empresa, como por exemplo, as folhas de pagamento. Entretanto, essas questões deixaram de ser o norte da profissão, mesmo fazendo parte da rotina do RH, quando descobriu-se que trabalhar gestão de pessoas poderia e muito ajudar no alcance dos resultados organizacionais.
Sendo assim, surge uma segunda era no RH: modelos prontos de gestão, que tentam encaixar situações e pessoas em moldes pouco funcionais. E é aí que entra em cena o tema principal deste artigo.
Qual o perfil do profissional de RH no futuro?
Após as grandes transformações dos últimos dois anos na sociedade, o RH percebeu que o ser humano é muito mais complexo do que se imaginava. Afinal, há pessoas em diversas realidades e com várias características únicas, ou seja, não dá pra encaixar todo mundo no modelo do horário comercial, benefício x e y, e com o fluxo de trabalho z. É preciso se reinventar, ampliar a visão e torná-la sistêmica.
Por isso, para te ajudar nesse processo, e para que o artigo fique mais didático e dinâmico, separamos as principais características que o profissional de RH precisa ter em 2022 para que a sua empresa evolua, inove e continue alcançando os objetivos. Veja a seguir:
1- Flexibilidade
A flexibilidade é facilmente a característica mais necessária para quem quer trabalhar com gestão de pessoas. Isso porque já se sabe que não há contexto que não possa mudar (tanto interno, quanto externo). Isto é, nós não temos o controle das coisas, por mais que às vezes a gente queira muito.
E é exatamente por esse motivo que nós não podemos nos limitar nos modelos prontos, nos quais você só precisa preencher com as informações da sua organização. É preciso saber inovar, perceber o que a sua empresa precisa, que pode ou não estar alinhado com as últimas tendências, e colocar em prática da maneira mais acertada possível.
Estamos falando de saber dançar conforme a música, e não de insistir na mesma música só porque você gosta dela ou porque alguém te disse que era boa.
2- Adaptabilidade
Agora me fala: O que uma pessoa flexível mais consegue fazer?
Isso mesmo, se adaptar!
Muitas vezes, para aumentar a produtividade dos colaboradores, por exemplo, é necessário que deixemos de lado alguns aspectos pré-definidos e sejamos criativos. E aqui eu não estou falando dos valores da organização, até porque a criatividade do gestor de pessoas aparecerá justamente nesse ponto: Como “driblar” os impasses que a empresa está apresentando, sem deixar de lado os valores e a cultura? Como adaptar para continuar crescendo sem perder a identidade?
Para algumas empresas, parte da solução seria oferecer benefícios flexíveis, já para outras, a saída seria a automatização dos processos, e ainda há aquelas que precisarão de uma mudança no ambiente ou uma maior flexibilização de horários.
Ou seja, não há receita de bolo para gestão de pessoas, apenas o que funciona mais ou menos para cada organização, dependendo do seu contexto.
3- Ativismo Confiável
O termo “Ativista Confiável” foi criado em 2007 por David Ulrich e sua equipe para definir uma qualidade muito necessária e esperada do RH. Como o próprio nome sugere, o RH que é um ativista confiável é aquele que mantém sua personalidade e opiniões ao mesmo tempo em que passa confiança (e é mesmo de confiança). Ou seja, é aquele que assume a posição por completo, e faz o que é melhor para todos os interessados na empresa, no geral.
As principais características de um ativista confiável, de acordo com David, são:
- Ganhar/passar confiança (manter sua palavra, assumir responsabilidades);
- Ser um influenciador e se relacionar com todos (tomar a frente);
- Ter autoconsciência, a fim de melhorar cada dia mais, lidar melhor consigo e tomar melhores decisões;
- Ajudar a moldar a profissão fazendo a diferença.
Entretanto, vale destacar que nós sabemos o quanto é complicado para o RH propor e implantar soluções, se a liderança não permite. Aliás, depois de tantas experiências com líderes “fechados”, o próprio setor começou a projetar visando somente a aprovação dos superiores. E assim nasce um problema, porque com essa atitude, o RH constrói um ambiente de bloqueio criativo, paralisação, falta de originalidade, e uma administração baseada no controle, não na confiança.
Como consequência, temos exemplos tristes na sociedade: empresas com casos de abusos acobertados, processos que fazem mal ao meio-ambiente, diferenças salariais entre os sexos, promoções por favoritismo, entre outros. Isto é, o RH deixa de servir todas as partes interessadas para servir apenas a liderança, ao mesmo tempo em que a sua personalidade e o seu verdadeiro papel é apagado conforme o tempo.
Por isso, a sociedade está pedindo por esse posicionamento, ou seja, por RH’s que ajudem a fazer uma transformação e moldem a profissão de maneira humana.
4- Olhar Social
Por falar em sociedade, é bom ressaltar que cada vez mais as pessoas esperam que as organizações façam algo pelos problemas que enfrentamos. Ou seja, espera-se que as empresas se posicionem contra os preconceitos ou a favor do desenvolvimento sustentável, por exemplo.
Mas não pense que é só publicar notas de repúdio ou posts bonitinhos para engajar, a ideia é que as empresas abracem causas em suas práticas também. Afinal, de nada adiantaria se posicionar contra a desigualdade entre os sexos, se dentro da organização mulheres ganham menos que os homens.
Por isso, o RH precisa exercer um trabalho ativo dentro das empresas para que haja um olhar mais social e amplo. Afinal, muitos estão interessados na empresa, não só os colaboradores.
Expansão para a comunidade
Aliás, uma tendência que só cresce dentro das empresas é essa busca interessada por grupos que possam estabelecer uma relação de ganha-ganha com a organização.
Observe os grupos que existem na comunidade local e procure pelas oportunidades nas quais a empresa pode se fazer presente. Se pergunte como o RH pode agregar valor para os colaboradores, os fornecedores, a alta gestão, ex-colaboradores, candidatos das vagas, clientes, prospects ou quaisquer outros grupos que você consiga imaginar.
5- Empatia
Outra característica do profissional de RH que vem se tornando uma grande tendência é a empatia. Afinal, não existe RH melhor do que aquele que sabe exatamente o que fazer para resolver os problemas diários, mas para alcançar esse nível é necessário entender com clareza a necessidade de todas as partes envolvidas.
Inclusive, há um esquema muito utilizado por designers que pode exemplificar a importância da empatia: o Design Thinking. Basicamente, o projeto é dividido em 6 fases, nas quais cada uma tem o seu papel, e a primeira delas, como você pode ver na ilustração abaixo, é a empatia.
Funciona assim:
- Empatia: Descobrir qual é a real necessidade de cada parte, ou seja, entender o contexto em que cada uma está inserida;
- Definir: Escolher o foco do projeto, isto é, qual o problema que será resolvido;
- Idear: Criar as possibilidades de solução;
- Prototipar: Desenvolver os protótipos;
- Testar: Como o próprio nome sugere, testar as soluções escolhidas;
- Implementar: Aplicar de vez a nova prática (ou implantar no mercado, caso estivéssemos falando de produtos).
Sendo assim, se a primeira fase não for bem sucedida, todas as outras sairão prejudicadas e nem farão mais sentido. Do mesmo jeito é com o RH: se ele não entende a real necessidade da organização/setor/colaborador, não consegue gerar uma solução inovadora e eficaz.
É ou não é um esquema que pode ajudar e muito os RH’s e qualquer outra área que dependa de um planejamento?
Autonomia X empatia
Além disso, vale ressaltar que autonomia e empatia estão lado a lado. Se você demonstra empatia pelo seu colaborador e deposita confiança, as chances de que isso reverta em mais produtividade e autonomia é maior. Confira na matriz abaixo:
6- Abertura para a diversidade e Treinamentos
Essa é uma das tendências que já estavam caminhando entre nós e tem tudo para aumentar ainda mais: a diversidade de colaboradores. Isso porque estamos entrando numa era em que, felizmente, o que importa para os recrutadores são as competências e habilidades dos candidatos, e não mais um modelo pré-definido com algumas características específicas.
Afinal, descobriu-se que misturar etnias, gerações, gêneros e quaisquer outras qualidades pode trazer um atrito criativo muito útil, e consequentemente, mais inovação e crescimento. Ou seja, agora o foco é em um recrutamento mais diverso, imparcial e focado nos requisitos necessários para a vaga.
Entretanto, para que esse recrutamento faça sentido para a organização é necessário estar atento a alguns aspectos importantes:
- Primeiro: Quais são as competências essenciais para o cargo que será ocupado? (Nesse ponto, é importante que a descrição de cargos esteja atualizada);
- Segundo: Quais dessas características podem servir de base para o desenvolvimento de habilidades futuras?*
*Até porque os candidatos que não tiverem todas as competências/habilidades necessárias, mas apresentarem uma boa base, poderão realizar treinamentos. Inclusive, mais pra frente, essa prática poderá se tornar uma marca da organização para com a comunidade local.
E, claro, não podemos deixar de citar que todo esse processo ajuda e muito no onboarding.
7- Divisão do trabalho e Automação
Por último, vamos comentar sobre a divisão do trabalho e a forma como olharemos para ele daqui pra frente. Afinal, depois de tantas mudanças de cenário, a área de Recursos Humanos não é mais a mesma, pois saímos da adaptação para a transformação efetiva de alguns processos. Aliás, de acordo com a HR Trend, esse é o tema do ano.
No que se refere à divisão de trabalho, a tendência é que continuemos dividindo ainda mais a área entre o RH estratégico e o operacional. Sendo o primeiro grupo responsável pela criação de intervenções para transformação da organização, ou seja, os “arquitetos” que cuidarão da gestão estratégica de pessoas, e o segundo, responsável pelas operações diárias do setor, como a administração de cargos e salários.
Entretanto, é bom ressaltar que se você pensa que o segundo grupo ficou com a parte mais “chata” e cansativa da profissão, está errado. Isso porque uma outra tendência vem ganhando espaço nos corações do RH do mundo inteiro: a automação.
Afinal, já imaginou que incrível ter um software que faça todos os cálculos e gere resultados confiáveis, baseados na lógica? Pois é, essa é alternativa que muitos países já adotaram como padrão, já que, dessa forma, o RH ganha mais produtividade, disposição e consegue se dedicar melhor para tomadas de decisões estratégicas.
Metaverso
Por falar em tecnologia, é interessante que o RH esteja atento às últimas novidades, como por exemplo o Metaverso. Sim, a realidade virtual já está batendo na nossa porta há alguns anos, mas a pandemia acabou dando o “empurrãozinho” que faltava.
Não somos “super especialistas” nesse assunto, mas recomendamos que você pesquise mais sobre e se atualize o máximo que puder, já que o RH poderá e muito ser afetado por essa tendência. Seja para a realização de reuniões e entrevistas à distância, seja para aplicar treinamentos, testes, entre outras utilidades.
Aliás, o Metaverso entra muito bem na primeira e na segunda característica que citamos aqui: flexibilidade e adaptabilidade.
Conclusão
Neste artigo, você viu que as tendências do RH para 2022 são:
- Flexibilidade;
- Adaptabilidade;
- Ativismo Confiável;
- Olhar social (expansão para a comunidade);
- Empatia (autonomia e confiança também);
- Abertura para a diversidade e treinamentos;
- Divisão do trabalho em estratégico e operacional + automação;
- Metaverso.
Agora é a sua vez: O que achou das últimas tendências? Já tem alguma presente na sua empresa? Conta pra gente nos comentários!
Nayara Amaral – Marketing Cohros