Já percebeu que quando você vai fazer uma avaliação de desempenho, cada colaborador apresenta um resultado único? Isso acontece porque o ser humano é singular, ou seja, cada um apresenta comportamentos, características, habilidades e competências diferentes. Além disso, o ser humano ainda enxerga de maneira personalizada, isto é, dependendo do ponto de vista, podemos enxergar algo como bom ou ruim.
Entretanto, apesar dessas informações parecerem óbvias, até pouco tempo atrás, o RH ainda não trabalhava levando em consideração essas particularidades. E aí é que entra em cena o tema protagonista deste artigo, até porque quando estamos falando de singularidade, estamos falando de benefícios flexíveis.
Aqui você entenderá sobre:
O que são benefícios flexíveis?
Quais são os tipos de benefícios (exemplos)?
Qual é a importância dos benefícios flexíveis?
Quais são as vantagens da flexibilidade?
Quais são as desvantagens/riscos da flexibilidade?
O que a legislação brasileira diz sobre o pacote de benefícios?
O que são benefícios flexíveis?
Um pacote de benefícios flexíveis, ou beneflex, são aqueles escolhidos pelo colaborador, de acordo com as suas prioridades, no meio de um “baú” cheio de opções apresentadas pela empresa. Parte da premissa de que o pacote fixo não se sustenta a longo prazo, uma vez que limita a autonomia do colaborador, afasta bons talentos e não contempla as diversas realidades sociais.
Afinal, se sou um estudante de graduação, sem filhos, que ainda mora com os pais, dificilmente vou me interessar por um auxílio creche, por exemplo. Porém, o posicionamento muda, se o benefício oferecido for uma bolsa de estudo ou auxílio cultural. Do mesmo modo, se sou um profissional mais experiente, tenho minha casa própria e trabalho em home office, talvez o vale alimentação sirva mais do que o vale refeição, e assim por diante.
Ou seja, já deu pra perceber que não é porque leva o nome de “benefício” que vai ser benéfico ou funcional para todos.
Quais são os tipos de benefícios flexíveis?
Sendo assim, um ponto importante antes de implantar um plano de benefícios flexíveis é conhecer as múltiplas opções disponíveis hoje no mercado. Por isso, criamos essa lista com as mais utilizadas entre as empresas:
- Bolsas de estudo ou cursos/treinamentos;
- Plano de saúde (podendo ou não abranger dependentes);
- Plano odontológico;
- Auxílio creche e escola;
- Vale cultura;
- Programas para a promoção da qualidade de vida e bem-estar, como aulas de ioga/zumba, descontos em academias, acesso a meditações, entre outros;
- Vale transporte ou custeio de estacionamento e gasolina;
- Reembolso de mensalidades e empréstimos para estudantes;
- Programas de assistência vocacional e social, como acesso à terapia, aconselhamento profissional, entre outros;
- Reembolso para despesas de saúde para titulares e dependentes;
- Seguro invalidez;
- Seguro de vida;
- Plano de aposentadoria ou poupança;
- Vale-refeição;
- Vale-alimentação;
- Auxílio Home Office para cobrir despesas, como wi-fi e luz.
É nítido que cada uma atende demandas muito diferentes e que podem ser mais funcionais para faixa etárias ou estilos de vida específicos, não é? Pensando nisso, descobrimos por que é tão importante implantar esse pacote misto e personalizado.
Qual é a importância dos benefícios flexíveis?
A importância de se adotar um plano de benefícios flexíveis está justamente nas inúmeras vantagens que esse procedimento pode trazer para a sua empresa, uma vez que a tornará mais atrativa, diversa, produtiva e em constante crescimento rumo ao alcance dos resultados organizacionais.
Um pacote de benefícios flexíveis é um componente diferenciado para a prática da remuneração estratégica.
Quais são as vantagens da flexibilidade?
Vamos ver detalhadamente cada uma dessas vantagens a seguir:
Abraço à diversidade e inclusão
Implantar um pacote de benefícios flexíveis é um “prato cheio” para sua empresa abraçar de vez a diversidade e se aventurar com os vários tipos de colaboradores, sem necessariamente ter uma obrigação por lei. No final, você descobrirá que mesclar idades, culturas, etnias e percepções diferentes vai te ajudar e muito a desenvolver todas as áreas. Inclusive, de acordo com uma pesquisa da Mc Kinsey & Company, empresas que são mais diversas e inclusivas têm maiores chances de obter uma criação de valor, lucratividade e vantagem competitiva.
Até porque todos sabemos que essas organizações são mais bem vistas pelo público, e com isso acabam tendo mais buscas e clientes que já passaram por todo o funil de vendas.
Investimento na Employee Experience e suas consequências
Se você não sabe o que Employee Experience, essa é uma boa hora para aprender sobre, já que incluir benefícios diversos para que o profissional tenha liberdade de escolha é investir nessa dinâmica.
Isso porque Employee Experience, ou EX, é colocar o colaborador como foco de maior relevância em cada tomada de decisão da equipe de Recursos Humanos. O que não significa que ela fará todas as suas vontades, mas sim que se preocupará com a experiência do colaborador durante toda a sua jornada, desde a contração até o possível desligamento, se atentando ao ambiente físico de trabalho, cultura organizacional, ferramentas oferecidas para atuação, e bem-estar, no geral.
E aí você pode se perguntar: “Ok, isso é importante, mas o que minha empresa pode ganhar diretamente adotando esses cuidados?”, e eu te respondo. Profissionais que têm uma melhor experiência dentro da empresa, começando pela escolha de quais benefícios receberão, terão mais bons sentimentos pela organização, como senso de pertencimento, de valorização e de justiça, já que a flexibilidade nos benefícios também traz esse caráter.
Além disso, o resultado desses bons sentimentos são o aumento da produtividade, o engajamento maior, a sensação de liberdade para exposição de ideias e com isso mais criatividade, a melhora no clima organizacional e na comunicação interna, e o destaque entre os concorrentes.
Retenção de talentos e destaque entre a concorrência
E por falar em destaque, não podemos esquecer do quanto isso é importante na hora de contratar novos talentos. Afinal, poder escolher quais benefícios receberá é um baita upgrade para que esses profissionais optem por trabalhar conosco, nos colocando à frente dos concorrentes no quesito atratividade e, consequentemente, mercado.
Diminuição do turnover
O turnover é taxa de rotatividade de uma empresa, calculada a partir do fluxo de desligamentos e admissões. E essa é uma das taxas que mais são afetadas com um plano de benefícios flexíveis, graças à satisfação de quem está trabalhando dentro e à competitividade de quem quer entrar.
Colaboradores ficam satisfeitos, quando os benefícios suprem suas principais necessidades fora (e/ou dentro) da empresa. Principalmente, se esse plano de benefícios for alinhado a uma boa experiência organizacional, no geral. Dessa forma, temos um aumento enorme da motivação e produtividade, transformando de fato o salário e o oferecimento dos benefícios em um investimento.
Já sobre quem quer entrar, podemos dizer que quanto mais pessoas interessadas em trabalhar conosco, menos precisamos nos preocupar com a organização na hora de suprir a falta de um colaborador após sua saída. Afinal, sempre haverá alguém muito interessado no cargo e, por isso, o tempo do processo seletivo será significativamente reduzido.
Controle financeiro
Um plano de benefícios com flexibilidade exige da empresa uma organização financeira para que não haja gastos desproporcionais e todos sejam atendidos da melhor maneira. Por isso, uma das principais vantagens também é o maior controle financeiro, uma vez que a organização precisa se manter sempre atenta a quais fornecedores escolherá, quanto vai custar cada benefício e quem dos colaboradores receberá cada um.
Quais são as desvantagens ou riscos da flexibilidade?
Para que a flexibilidade no plano de benefícios seja algo realmente favorável para a empresa é necessário tomar alguns cuidados e atender algumas demandas, principalmente no que se refere ao planejamento e à comunicação.
Demanda um planejamento bem feito
O planejamento é uma das principais partes do processo implantação dessa prática, já que é preciso decidir quantos e quais benefícios serão oferecidos, quais serão os fornecedores, o orçamento empregado, assim como as regras de distribuição, entre outros. Inclusive, para que nada dê errado, vale a pena criar uma equipe só para cuidar de cada detalhe, assim corre-se menos riscos de eventuais “brechas” de organização que podem causar bastantes dores de cabeça mais tarde.
Demanda um controle e organização impecáveis
A partir do momento em que o planejamento já foi feito e o plano já está ativo, temos um passo muito importante para que tudo continue dando certo: o controle. Lembra daquela equipe que mencionamos? Então, aqui ela será muito bem-vinda também, já que não podemos correr o risco de extrapolar os gastos mensais disponíveis para o plano e nem confundir os benefícios de cada colaborador. Afinal, dessa forma a vantagem no investimento da Employee Experience “cai por terra”.
Demanda uma comunicação interna clara e objetiva
Nessa demanda, temos um ponto crucial para que sua empresa não tenha consequências mais sérias ao implantar um plano de benefícios flexíveis: a comunicação interna. É preciso que TODOS os colaboradores entendam com muita clareza o que é o plano, como vai funcionar e onde podem gastar os benefícios. Isso porque se tivermos uma comunicação clara e objetiva, não corremos o risco dos benefícios serem confundidos com o salário e como consequência terem uma cobrança fiscal e previdenciária, assim como prejuízos trabalhistas, num modo geral.
Obs: Vale destacar que nesse ponto a escolha dos fornecedores também é muito importante para que não haja nenhuma interpretação errada.
O que a legislação brasileira diz sobre o pacote de benefícios?
A legislação brasileira, dentro da CLT, cita os benefícios em 3 momentos: nos artigos 457, 458 e 468. No artigo 457, temos a definição do que são os benefícios e a delimitação como não integrante do salário e livre de qualquer encargo trabalhista e previdenciário. Já no artigo 458, temos a descrição do que pode ser considerado salário, que nesse caso, são todas as prestações “in natura” que a empresa fornece, dentro das condições exigidas. E por fim, no artigo 468, podemos ler sobre mútuo consentimento.
Resumindo, os benefícios, num modo geral, não entram como salário, entretanto, cada um tem diretrizes específicas para que seu funcionamento seja proveitoso. Por isso, vale a pena dar uma conferida antes de implantar o novo plano de benefícios flexíveis.
O ideal, para todos os casos, é que a empresa faça um Acordo Coletivo de Trabalho e utilize sempre respaldos formais para a implantação e continuidade do plano, contendo todas as regras e esclarecimentos necessários. Isto é, não só tenha a assinatura do colaborador no início, mas também cada vez que ele renovar suas opções. Assim, adota-se procedimentos de acompanhamento para evitar futuras interpretações diferentes, e desentendimentos internos e com a Justiça.
E aí, gostou de conhecer mais sobre benefícios flexíveis?
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Nayara Amaral – Marketing Cohros