Embora muitas empresas ainda vivam na era do DP (departamento pessoal), muitas outras já entenderam que implantar processos de RH para uma gestão de pessoas eficaz é fundamental.
No entanto, entender a importância é uma coisa. Praticar, é outra! Mas, com esta analogia com o mundo do esporte, ficará muito fácil compreender a importância de 7 passos para implantar processos de RH efetivos.
Implantar processos de RH para uma gestão de pessoas estratégica e eficaz, demanda organização (ou reorganização) de processos, políticas e procedimentos. Nesse sentido, alguns pontos cruciais, podem ser considerados fatores críticos de sucesso.
A título de exemplo, vamos fazer aqui um paralelo entre o contexto do esporte coletivo e o contexto organizacional. O objetivo é evidenciar os 7 passos para implantar os processos de RH.
Se esses passos forem considerados pelas empresas, eles trarão muitos benefícios. Não só para o RH, mas também para os resultados organizacionais!
Gestão de Pessoas no mundo do esporte
Ao analisar situações do esporte coletivo, não é difícil concluir que aí existe uma fonte de lições riquíssimas, no que se refere à gestão de pessoas. No contexto do esporte coletivo há muitos exemplos de como fazer uma gestão orientada a pessoas e a resultados!
Essa analogia entre o contexto do esporte coletivo e o contexto organizacional vai ajudar no entendimento de 7 passos para implantar os processos de RH, para uma gestão de pessoas efetiva.
Objetivos compartilhados
Pense em uma equipe de futebol, ou uma equipe de vôlei, ou handebol, beisebol… Em qualquer uma delas, vemos um agrupamento formado por pessoas unidas em torno de um objetivo comum: ganhar jogos, vencer campeonatos, conquistar títulos, troféus, medalhas…
Cada jogador tem papéis e responsabilidades bem definidos na equipe. E cada um tem consciência da parte que lhe cabe. Isto é, cada um entende qual é a sua contribuição para o resultado coletivo!
O papel do técnico
Essas equipes esportivas contam com um profissional que desempenha o papel de liderança – o técnico. Esse papel envolve a coordenação do trabalho da equipe na execução dos planos e estratégias de jogo, para o alcance do objetivo coletivo.
Além disso, para que o papel do líder seja efetivo, ele precisa conhecer cada membro da equipe. Isso significa conhecer o perfil, as habilidades, o comportamento, a personalidade de cada um. Assim, o técnico pode preparar o time para que os perfis e as habilidades dos jogadores não somente sejam desenvolvidos, mas também se complementem.
Dessa forma, cada jogador poderá dar o melhor de si em campo. Eles serão capazes de agir e tomar decisões durante os jogos. Afinal, o alcance dos resultados almejados depende de cada um fazer bem a sua parte. Para isso, muitas vezes o técnico precisa contar com o auxílio do capitão do time: um jogador que atua em um nível adicional de liderança, com a finalidade de auxiliar o técnico na coordenação da equipe.
Monitoramento contínuo
O técnico tem a responsabilidade de monitorar o desempenho de cada jogador e ao mesmo tempo, precisa monitorar o desempenho coletivo. Esse monitoramento envolve dar feedbacks e orientações cotidianamente – jogo a jogo, treino a treino.
O monitoramento, o feedback e as orientações são ações importantes para ajudar o time no alcance de metas e objetivos. Além disso, feedbacks e orientações ajudam no desenvolvimento das pessoas. Porém, esses feedbacks e orientações terão efeitos mais positivos, desde que sejam dados na hora certa! Sempre que o líder percebe a necessidade de uma orientação de melhoria, ou o merecimento de um incentivo ou um elogio.
Enquanto o time joga, o técnico está presente, acompanhando as atividades, dando orientações quando os jogadores erram. Ao mesmo tempo, estimulando e aplaudindo quando o time faz jogadas legais, quando marcam pontos. Se necessário, pede tempo, ou aproveita paradas do jogo para reorientar e corrigir rumos.
Registro de dados e informações
O acompanhamento das atividades da equipe não se limita a observações e orientações pontuais, mas vai além. Nesse caminho, um processo de registro de informações sobre a performance do time ajuda muito. Daí a importância de ter apontamentos de erros e acertos individuais e coletivos cotidianamente. Por exemplo, no futebol, temos indicadores como quantidades de gols, erros e acertos de passes, escanteios, faltas, perdas de bola – no futebol. Enquanto no vôlei, temos indicadores como quantidades de pontos, erros e acertos de saques, de bloqueios, de passes etc. Isso só para dar alguns exemplos.
Envolvimento do time na análise dos pontos de melhoria
Eis aqui outro ponto muito importante: as informações de erros e acertos devem ser discutidos com os jogadores. Em seguida, o registro dessas informações formará uma base de dados, ou analytics. Essa base possibilita uma análise mais criteriosa, para orientar o tratamento das forças e deficiências, individuais e coletivas. As ações de tratamento podem envolver o treinamento de habilidades, programas de preparação física, tratamentos de fisioterapia, de habilidades comportamentais e emocionais, entre outras.
Parceria de especialistas
Com a parceria de especialistas, o técnico pode identificar e tratar as deficiências dos jogadores. O objetivo é, antes de tudo, a melhoria da performance do time. É justamente aí que o técnico conta com um staff de especialistas (preparadores físicos, fisioterapeutas, psicólogos, médicos).
Juntos, o técnico e o staff de especialistas, atuam numa parceria frutífera. Dessa forma, ambos contam com a análise dos cenários revelados pelos dados e informações registrados, para sustentar planos e estratégias de jogo.
Gestão de Pessoas no contexto organizacional
Assim como no contexto do esporte, a empresa é um time com propósitos, resultados e objetivos a serem alcançados. E o desempenho geral da empresa também depende de cada colaborador. Isso demanda gestão de pessoas!
No início da sua existência, geralmente a empresa é composta por um pequeno time em torno de uma liderança. Mas, à medida que a empresa cresce, as equipes também crescem e a gestão de pessoas se torna cada vez mais crucial. Nesse caminho, alguns passos para a implantação dos processos de RH precisam ser realizados.
7 passos para implantar os processos de RH: lições aprendidas
Com base nessa analogia, existem 7 passos cruciais para implantar os processos de RH. Esses pontos são determinantes para reproduzir nas empresas o sucesso da gestão de pessoas no contexto do esporte.
1. Definição de papéis e responsabilidades
Se, como no esporte, cada colaborador tiver clareza da parte que lhe cabe para contribuir para o alcance dos objetivos organizacionais, sua atuação seria mais efetiva. Nesse sentido, a definição dos papéis e responsabilidades é o primeiro passo.
Estamos falando da organização do trabalho, ou seja, do processo de descrição de funções, que muitas vezes é negligenciado pelas empresas. Entretanto, a definição clara dos papéis e responsabilidades, principalmente das lideranças, constitui o alicerce da gestão estratégica de pessoas.
2. Definição dos desempenhos esperados de cada um
A definição clara dos desempenhos (entregas/resultados) esperados de cada um, em especial das posições de liderança, é o segundo passo. Assim como no esporte, no qual o técnico é responsável pelo resultado do time, também na empresa, o líder é responsável pelo desempenho dos liderados. Mas, acima de tudo, é preciso lembrar que o desempenho da empresa depende dos desempenhos dos colaboradores.
3. Definição de conhecimentos, habilidades e comportamentos (hard e soft skills)
Definir os conhecimentos, habilidades e comportamentos é outro passo elementar!
Isso implica na definição do perfil de competências requerido de um profissional para ocupar cada cargo da estrutura, principalmente das posições de liderança. E, além disso, é preciso respeitar esse perfil ao nomear, ou selecionar alguém para a posição de líder do time.
4. Alinhamento de metas e expectativas
O quarto passo é combinar tudo isso com os colaboradores, pois, se as pessoas não souberem o que é esperado delas, não terão como se engajar com um objetivo. Nesse sentido, um acordo formal de metas e expectativas, entre líderes e liderados, pode fazer toda a diferença na efetividade desse alinhamento.
5. Processo de avaliação e feedback contínuos
O quinto passo é a criação de um processo eficaz de avaliação, com o propósito de gerenciar o desempenho e as competências do time. Neste ponto, é importante ressaltar que esse processo não deve se limitar a ciclos periódicos!
Avaliação e feedbacks contínuos são fundamentais, pois o líder deve discutir com o time os erros e acertos, conquistas e vitórias, orientar e elogiar no momento certo. Assim, poderá potencializar o desenvolvimento da equipe e melhorar sua performance.
Dessa forma, as avaliações e feedback contínuos também darão sustentação aos ciclos periódicos para que os resultados sejam mais consistentes.
Assim como no esporte, o jogo de negócios acontece no dia a dia. Avaliar e dar feedback somente nos ciclos periódicos é uma tremenda perda de oportunidade de reconhecer e estimular bons desempenhos, bem como para orientar as melhorias e mudanças de rumo antes que o jogo esteja perdido!
6. Automação do processo de avaliação
A necessidade do uso da tecnologia é indiscutível. Um bom sistema facilita a gestão da equipe no dia a dia e, ao mesmo tempo, gera base de dados (people analytics) para orientar planos e decisões. Isso posto, adotar um sistema de gestão de pessoas é o melhor caminho! A menos que a empresa seja muito pequena, a ponto de possibilitar fazer gestão de pessoas numa planilha de excel. Porém, à medida que a empresa cresce, sem tecnologia a gestão de pessoas vai se tornando cada vez mais difícil.
7. Dados e informações para orientar planos e decisões de gestão de pessoas
Assim como no esporte, é fundamental que as empresas também contem com o registro de dados e informações. Esses registros incluem erros e acertos, bem como informações sobre performances individuais e coletivas. Incluindo as informações sobre conhecimentos e habilidades, visto que elas impactam as performances individuais e coletivas. Aqui também, a tecnologia faz toda a diferença.
Esses dados e informações compõem uma base de people analytics para orientar o trabalho do RH!
Por analogia, os profissionais de RH exercem nas empresas os mesmos papéis do staff de especialistas do técnico. Com essa base de informações, do mesmo modo, a empresa terá fundamentos mais consistentes para as decisões de remuneração e carreira mais justas, objetivas e transparentes.
Por fim, é preciso monitorar os dados e informações gerados pelos processos de avaliação. Desse modo, a empresa poderá definir ações de desenvolvimento e melhoria contínua de performances, bem como outras ações de gestão de pessoas. Assim, as decisões de gestão de pessoas serão mais justas e meritocráticas.
Parceria entre RH e lideranças
RH e lideranças devem trilhar juntos os passos para implantar os processos de RH. Dessa forma, unirão esforços para que a gestão de pessoas seja eficaz. Nesse sentido, a parceria entre as lideranças e o RH é fundamental!
O líder faz a gestão de pessoas, enquanto o RH cuida da criação processos, ferramentas para facilitar o trabalho do líder na gestão do time. Além disso, o RH também cria políticas, programas e ações de gestão de pessoas.
Processos de RH consistentes = todos ganham
Cuidando desses passos para implantar processos de RH, a gestão de pessoas será mais efetiva. Consequentemente, ganha a empresa e ganham as pessoas. Se, por um lado a empresa se desenvolve e gera bons resultados, por outro lado, as pessoas também crescem e se desenvolvem. Assim, forma-se um círculo virtuoso que vale a pena alimentar!
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Denise Lustri – CEO da Cohros